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3 insights para uma produção de leite de sucesso

3 insights para uma produção de leite de sucesso

Foto: Alltech Inc.

Pesquisadores e executivos apontaram soluções para os grandes desafios do setor durante o Alltech ONE Conference.

A indústria leiteira é diversificada e complexa, exigindo inovação a cada passo, desde os detalhes mais moleculares até as principais tendências de consumo. Foi com esse pensamento norteador, que especialistas em bovinocultura de leite ao redor do mundo se reuniram no Alltech ONE Conference, que ocorreu de 22 a 24 de maio em Lexington, Kentucky (EUA), para debater as atualidades do setor e como navegaremos em seu futuro promissor.

Tecnologia e escassez de mão de obra

Um ponto de destaque na sessão de bovinos de leite foi o fato de que as fazendas leiteiras têm se mostrado muito abertas ao uso de tecnologias, especialmente devido à escassez e ao aumento de custo de mão-de-obra no setor. Elas contam com ferramentas para garantir o conforto das vacas (ventiladores, aspersores e coçadores), para monitorar a saúde (ruminação, localização, laminite, tempo de descanso etc.), além de alimentadores automáticos e robôs que ordenham as vacas, na frequência que elas desejam. Segundo a professora da University of Minnesota, Dra. Marcia Endres, no último ano, o salário médio do trabalhador rural nos Estados Unidos aumentou em 6%, e as tecnologias têm dado uma resposta positiva no médio e longo prazo para os produtores. “Quanto maior a inflação no país e/ou maior for a resposta em produção de leite das vacas, mais rápido o produtor consegue recuperar o investimento realizado”, afirma a pesquisadora.
A respeito do tema de escassez de mão de obra, o especialista técnico para bovinos de leite da Alltech, Dr. Luke Miller, afirmou durante a conferência que para se alcançar o bem-estar dos animais, é preciso oferecer bem-estar aos colaboradores.

“Um colaborador que é tratado com violência tem muito mais propensão a tratar os animais com violência. O futuro é um aumento gradual da automação e redução da interação do colaborador com os animais, mas de qualquer forma, precisamos de pessoas no negócio. Contratar bem para confiar na sua força de trabalho é um grande desafio, mas trabalhar para reter bons colaboradores é um desafio ainda maior”, afirmou em sua apresentação.

Um case de sucesso que une tecnologia e bem-estar dos colaboradores é o da fazenda Al-Safi Dairy, a maior fazenda integrada do mundo, onde 600 colaboradores são responsáveis por toda a estrutura da propriedade, que ordenha de 55 mil vacas holandesas. De acordo com o responsável pelo setor de rebanhos da Danone Al-Safi, Andrew Oddy, é realizado no final do ano um evento para seus 600 funcionários premiando os colaboradores que mais se destacaram no ano com bonificações. “Os quatro pilares de sustentabilidades que a fazenda adota são: melhorar investimentos em alimentação, água e recursos de trabalho; reduzir o uso de antibióticos; melhorar o desempenho na reprodução e longevidade; redução nas perdas operacionais devido às vacas de poucas lactações.”, afirma.

Mas não é só no mundo árabe que as vacas são pura prosperidade. No Chile, a fazenda Ancali, é atualmente a maior fazenda com ordenha robotizada do mundo, com 90 robôs de ordenha e mais de 6 mil vacas em lactação, com uma produção média por lactação de 15.800 litros de leite. De acordo com o diretor executivo da propriedade, Pedro Heller, eles têm como objetivo cumprir metas nos mais variados setores da produção. “Na sanidade animal, as metas da fazenda manter 0,8% de casos de mastite; 0,5% de casos de laminite; 1,2% de total de animais em observação hospitalar e descarte anual de 28%, tudo isso enquanto produzem 45 litros de leite por dia”, explica o especialista.

Tendências no mercado leiteiro

De acordo com o CEO e Fundador da IFCN Dairy Research Network, Dr. Torsten Hemme, o mercado global de leite vive um bom momento, apesar dos altos custos de produção.

“Os preços de leite possuem ciclos de 3 a 4 anos, mas estamos presenciando a extensão deste ciclo positivamente nos últimos 5 anos. Os momentos de baixa tiveram uma recuperação melhor e mais rápida neste período”, analisou em sua apresentação no Alltech ONE Conference. 

Sustentabilidade em alta

A pecuária de leite sempre é questionada sobre a sua sustentabilidade, mas isso acontece, na sua grande maioria, por desconhecimento da atividade como um todo. É o que afirmou o diretor de pesquisas para ruminantes da Alltech, Dr. Vaughn Holder, durante sua apresentação. Segundo ele, pesquisas realizadas nos EUA mostram que mais de 70% dos alimentos, que as vacas consomem, não poderiam ser consumidos pelos seres humanos. Portanto, a transformação desses subprodutos em alimentos de altíssimo valor nutricional possui um papel importantíssimo para a sustentabilidade do nosso planeta. “Mais do que isso, quando a qualidade nutricional dos produtos de origem animal é levada em consideração e são comparadas as fontes de origem vegetal, eles possuem uma demanda por água ou pegada de carbono igual ou menor do que as proteínas de origem vegetal. Portanto, além de aproveitar alimentos que seriam jogados fora, os ruminantes possuem um papel importantíssimo para nutrir as pessoas com alimentos de grande qualidade, sem prejudicar o meio ambiente” afirmou.

Para implementar programas de sustentabilidade consistentes, nada melhor do que dados para a tomada correta de decisões. De acordo com o gerente geral da Alltech E-CO2, Andrew Wynne, o objetivo central do acompanhamento é ter vacas mais saudáveis, e uma pegada de carbono saudável. “Usar a sustentabilidade da pegada de carbono como métrica de desempenho pode ser beneficial para se buscar produções com animais mais saudáveis, evitar desperdícios, e potencializar a receita da fazenda da porteira para dentro”.

De acordo com o palestrante, a principal forma de reduzir uma pegada de carbono é deixar os animais cada vez mais produtivos e eficientes, buscando produzir mais leite com menos animais, assim como usar somente o necessário nas formulações, como evitando excessos de proteína, que serão excretados pelos animais sem uso.

Outro ponto relacionado à sustentabilidade e que ela envolve principalmente o que conhecemos hoje como ESG (meio ambiente, social e governança, em português), juntamente com resultado econômico positivo. Buscando isso, vários produtores de leite têm intensificado o uso de raças de corte no seu programa de reprodução. De acordo com o fundador e CEO da Norbreck Genetics, Philip Halhead, os produtores de leite de hoje serão os produtores de corte de amanhã.

“As raças British Blue e Angus são as mais demandadas atualmente no Reino Unido e isso tem tudo a ver com a demanda do mercado consumidor, pois são raças que produzem carne adequadas ao público desta região. Portanto, inclusive na genética, é preciso estar atento ao que o consumidor deseja, para obter sucesso na propriedade”, afirma.

Marque na agenda

A próxima edição do Alltech ONE Conference será realizada de 21 a 23 de maio de 2023 em2 Lexington, Kentucky (EUA).

Assista o vídeo com os melhores momentos da edição de 2022.

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