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Estresse por calor?

Estresse por calor? Estudo aponta solução natural que ameniza os impactos

Estudo aponta solução natural que ameniza os impactos

Introdução

Períodos de estresse por calor são um grande desafio para bovinos leiteiros, principalmente para vacas em lactação. Para medir o estresse causado por alterações no ambiente, o índice de temperatura e umidade (ITU) tem sido amplamente usado para associar respostas produtivas às mudanças climáticas. Existem relatos na literatura de que valores de ITU acima de 68 podem diminuir o consumo de matéria seca (CMS), reduzindo produção de leite e acarretando em mudanças fisiológicas importantes em vacas de alta produção (Zimbelman et al., 2009).

As respostas fisiológicas ao estresse térmico incluem o aumento da dissipação de calor por meio do suor, vasodilatação, temperatura corporal total e frequência cardíaca e respiratória. Além disso, vacas expostas a ambientes com alto ITU podem apresentar comportamento alimentar alterado, o que pode afetar as respostas aos aditivos alimentares. Com isso, a associação de uma dieta equilibrada e aditivos alimentares que possam melhorar a eficiência produtiva são grandes aliados.

Efeitos de aditivos naturais no desempenho de vacas leiteiras submetidas ao estresse por calor

Recentemente, foi realizado um trabalho (Grigoletto et al., 2021) que avaliou o uso de aditivos na alimentação de vacas em lactação submetidas ao estresse por calor. Esse trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Pesquisa em Bovinos de Leite (LPBL) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia na Universidade de São Paulo (FMVZ/USP), em que 40 vacas da raça Holandesa foram utilizadas, com médias de produção de leite de 27,2 kg por dia, 187 dias em lactação e 637 kg de peso corporal. O estudo teve duração de onze semanas para coletas dos dados e as dietas experimentais foram formuladas de acordo com o NRC (2001) com relação volumoso/concentrado de 48:52. Para os fins de análises, as dietas utilizadas durante o estudo foram:

  1. Controle (CON): sem adição de aditivos;
  2. Monensina (MON): dieta com inclusão de 20 mg de monensina sódica/kg de matéria seca ingerida;
  3. Milk acc + (MS): dieta com inclusão de 40 g/vaca/dia de Milk Sacc + (Alltech);
  4. Inclusão de MON+MS (MM): dieta com inclusão de 20 mg de monensina sódica/kg de matéria seca ingerida e de 40 g/vaca/dia de Milk Sacc +.

A temperatura média diária e a umidade relativa durante o experimento foram registradas como 25°C e 69%, respectivamente. Essas medições foram utilizadas para calcular o ITU médio (73 ± 2,84) ao longo do experimento que variou de 69% a 76% (figura 1).

Figura 1. Índice de temperatura e umidade (ITU), temperatura média e umidade relativa ao longo do experimento.

Resultados encontrados durante o estudo

As vacas que receberam a dieta com Milk Sacc + apresentaram aumento da produção de leite (+ 1,48 kg/d; figura 2) e dos sólidos (proteína, gordura e lactose), sem, contudo, afetar o consumo de matéria seca (CMS).

Figura 2. Efeitos de diferentes aditivos alimentares na produção de leite de vacas leiteiras durante o verão. 

Em condições ambientais em que o ITU se encontra alto, o fluxo sanguíneo nos vasos periféricos dos animais é aumentado. Isso ocorre para melhorar a dissipação de calor, porém, ao mesmo tempo, o fluxo sanguíneo no trato digestivo diminui, o que pode prejudicar a absorção de nutrientes (Lambert et al., 2009). No experimento, as vacas foram expostas a valores de ITU maiores de 72 por cerca de 12,2 horas por dia. 

Outro resultado importante, que está relacionado ao desempenho animal, é o índice de seleção de partículas aliado ao comportamento ingestivo das vacas, em que os autores destacam que as vacas que consumiram a dieta do Milk Sacc + reduziram a a seleção por partículas de ração com tamanho menor que 4 mm, enquanto aumentaram a seleção entre 8 e 19 mm. Esse efeito pode ter favorecido o pH ruminal para a degradação da fibra (FDN). Essa avaliação é apoiada também pela redução no tempo de ruminação e mastigação quando as vacas foram alimentadas com Milk Sacc +, permitindo melhor controle do pH ruminal, já que as vacas passaram a comer em intervalos menores. 

Considerações finais

As inovações tecnológicas na produção de aditivos nutricionais naturais têm sido exploradas e o Milk Sacc + tem se destacado por melhorar o desempenho produtivo e o metabolismo de vacas em lactação, podendo amenizar os efeitos causados pelos elevados ITU, o que possibilita que as vacas, mesmo em condições ambientais estressantes, possam produzir mais sem alterar o consumo de matéria seca.

Referências

GRIGOLETTO, NT, GHIZZI, L.G, GHELLER, L.S, DIAS, M.S.D.S, NUNES, A.T, SILVA, T.B, RENNÓ, F.P. Effects of a blend of live yeast and organic minerals or monensin on performance of dairy cows during the hot season. Journal of Dairy Science, v. 104, n. 11, p. 11634-11645, 2021.

LAMBERT, G. P. Stress-induced gastrointestinal barrier dysfunction and its inflammatory effects. J. Anim. Sci., n. 87, p. E101–E108, 2009.

ZIMBELMAN, R. B.; RHOADS, R. P.; RHOADS, M. L.; DUFF, G. C.; BAUMGARD, L. H.; COLLIER, R. J. A re-evaluation of the impact of temperature humidity index (THI) and black globe humidity index (BGHI) on milk production in high producing dairy cows. In: PROC. SOUTHWEST NUTRITION CONFERENCE TEMPE, Arizona, 2009, p. 158-168.

Autores:

  • Luiz Fernando Costa e Silva
     
  • Nathália Trevisan Scognamiglio Grigoletto
    • Doutoranda em Nutrição e Produção Animal
    • Bióloga de formação pela UNIARARAS, envolvida com nutrição animal desde 2014 quando iniciou como técnica responsável no Laboratório de Pesquisa em Bovinos de Leite da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia na Universidade de São Paulo (FMVZ/USP). Mestre em nutrição e produção animal (2020) pela FMVZ/USP, com foco em bovinocultura leiteira. Atualmente é doutoranda na mesma instituição.
       


 


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