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Como a colostragem adequada contribui para o desempenho futuro das bezerras leiteiras

bezerro e vaca

Quando o assunto é produtividade nas propriedades leiteiras, a qualidade do colostro e boas práticas de fornecimento são importantes pontos de ação e atenção. Afinal, os cuidados nos primeiros dias de vida das bezerras repercutem no seu desenvolvimento e, consequentemente, na sua capacidade produtiva. 

Importância do colostro 

O colostro é produzido para atender a todas as necessidades da bezerra recém-nascida, sendo composto por diversos nutrientes e elementos relacionados à imunidade, como as imunoglobulinas, além de outros fatores não nutritivos. 

As vacas possuem um tipo de placenta (Cotiledonária) que impede a transferência de imunoglobulinas durante a gestação, de modo que as bezerras dependem que esta transferência seja feita através da ingestão de colostro (imunidade passiva) para que tenham proteção frente aos desafios ambientais.  

Do ponto de vista nutricional, o colostro é uma importante fonte energética - com destaque às gorduras e lactose - e fornece vitaminas e minerais fundamentais para o metabolismo das bezerras, incluindo: cálcio, magnésio, zinco, vitaminas A, E e B12, colina e selênio. 

 

Maximizando a qualidade do colostro 

Com o avanço das pesquisas sobre os fatores de influência sobre a qualidade do colostro, a nutrição das vacas no pré-parto vem ganhando destaque. A inclusão de nutrientes de alta qualidade e biodisponibilidade é um investimento feito antes mesmo do nascimento das bezerras, mas com reflexos na cadeia produtiva como um todo. 

Em especial, a inclusão de minerais orgânicos na dieta pré-parto desperta interesse. Veja alguns exemplos: 

  • Ogilvie e colaboradores (2020) demonstraram que vacas alimentadas com minerais orgânicos produziram um colostro com uma maior quantidade de imunoglobulinas (IgG) que vacas alimentadas com minerais inorgânicos.  
  • Um estudo conduzido pela USP no Brasil demonstrou efetiva transferência de selênio para o colostro de vacas alimentadas com minerais orgânicos no pré-parto. Além deste benefício às bezerras, também foram detectadas vantagens produtivas em aumento de produção de leite dessas vacas (Da Silva et al., 2023).  
  • Outro estudo da Penn State University demonstrou, ainda, que a alimentação das vacas com o programa de minerais orgânicos reduziu a frequência de diarreias nas suas bezerras (Gelsinger, et. al. 2016; Pino et al., 2018). Tal resultado é de grande importância, já que as diarreias são a maior causa de morte para bezerras antes do desmame. Mais que isso, podem gerar um impacto na saúde intestinal dos animais, favorecendo a ocorrência de disbioses, ou seja, desiquilíbrio da microbiota intestinal, e consequente má digestibilidade dos alimentos provenientes da dieta, os quais, em última instância, comprometem a conversão alimentar e seu desenvolvimento (Berge, A.C., 2016). 

 

Outros fatores de influência na qualidade do colostro são: 

  • Idade da vaca: a principal teoria sobre o tema é de que vacas mais velhas produzem melhor colostro pelo maior tempo de exposição a patógenos e consequentemente maior defesa imunológica contra esses antígenos. De modo complementar, Shivley e colegas (2018) observaram, em estudo, que vacas apresentaram colostro com maior concentração de IgG na terceira lactação em comparação às duas primeiras lactações.
  • Processamento do colostro: se não for imediatamente fornecido à bezerra, recomenda-se que o colostro seja congelado ou refrigerado em até 1h após a coleta. Ao descongelar, o cuidado deve ser de não atingir temperaturas superiores a 60ºC, a fim de evitar a desnaturação das moléculas de IgG (McMartin et al,2006).  
  • Contaminação bacteriana: altos níveis de coliformes no colostro podem prejudicar a absorção das imunoglobulinas no intestino das bezerras. Para mitigar essa contaminação, um cuidado simples é utilizar recipientes limpos e sanitizados para coleta, estocagem e fornecimento do colostro. 

Cuidados no fornecimento do colostro 

Tão importantes quanto a qualidade do colostro, alguns cuidados com o seu fornecimento são: 

  • Correndo contra o tempo: a cada minuto que se passa após o parto, a capacidade de absorção dos anticorpos pelo animal diminui. Por isso, é importante que a primeira mamada ocorra em até 2 horas após o parto; e a segunda, de 6 a 8 horas após o parto.  
  • Quantidade suficiente: a quantidade de colostro recomendada em cada mamada é de 10% e 5% do peso vivo na primeira e segunda mamada, respectivamente.  
  • Temperatura ideal: a recomendação é de que a temperatura do colostro esteja entre 38º e 39ºC. A temperatura não pode estar nem muito baixa, a ponto de diminuir a eficiência da ativação da goteira esofágica, nem muito alta, a ponto de provocar lesões no esôfago (Godden et al., 2019).  

Retorno em produtividade 

A redução das diarreias e o maior ganho de peso das bezerras alavancam a produção leiteira, diminuindo os custos e aumentando o desempenho, respectivamente.  E uma colostragem de sucesso – colostro de qualidade, fornecido de modo a ser absorvido pelas bezerras – é o primeiro passo para o desenvolvimento desses animais. 

Se identificar qual seria um bom desenvolvimento das bezerras leiteiras é um desafio para você, a criação de metas de ganho de peso é de grande valia. Elas devem ser baseadas nos dados de cada fazenda - e não assumir números fixos para a raça, por exemplo. Para isso, será necessário conhecer o peso a maturidade do seu rebanho, obtido pela pesagem de vacas multíparas com pelo menos 3 partos e escore de condição corporal 3*. 

*em uma escala de 1 a 5, sendo 1 um animal magro e 5 um animal obeso   

Exemplo: Se a média do peso das vacas multíparas com escore corporal 3 for de 647 kg, as metas de crescimento dos animais jovens seguiriam como a seguir:  

 

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Principal referência (dicas e informações): 

Godden, S. (2008). Colostrum management for dairy calves. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, 24(1), 19-39.  

 

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