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Caminho do varejo

[node:title] - Margarete Boteon

Foto: arquivo pessoal

Pesquisadora do Cepea explica desafios do produtor em conseguir maior rentabilidade

Muitos produtores buscam comercializar seus produtos diretamente no varejo, aumentando assim suas margens de lucro. Mas para conseguir sucesso nessa empreitada, é necessária a atenção a alguns passos, principalmente com planejamento e gestão dentro da propriedade. Segundo a professora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Margarete Boteon, é importante que o agricultor entenda que essa transição para o comércio só deve ser feita com a estrutura necessária.

Confira na entrevista dicas da pesquisadora para ingressar seus produtos no varejo:

Quais passos o produtor deve se atentar antes de ingressar no varejo?

A grande questão no setor de hortifrúti é essa obrigação do produtor ser comerciante. O que falta realmente é buscar parceiros e ter uma gestão de sua propriedade, entendendo o cálculo econômico que está atrás do manejo técnico. Esse é o grande desafio, porque às vezes o agricultor vai ao comércio sem ter essa gestão e então não consegue ser bem sucedido. Portanto, o primeiro passo para se buscar uma rentabilidade melhor é fazer o dever de casa essencial: controlar seus custos, saber negociar suas vendas, planejar as culturas que serão plantadas, ter condições de se precaver em caso de danos à produção, além de saber buscar mecanismos de crédito eficientes.

O trabalho do produtor e as demandas do consumidor estão na mesma sintonia?

Muitas vezes o produtor está muito longe do consumidor, tendo uma cadeia inteira de informações entre eles. A sociedade tem consciência da importância de uma alimentação saudável, mas ainda não traduziu esse conceito em consumo e, consequentemente, rentabilidade ao produtor. Para o público, os valores de conveniência e saudabilidade são muito importantes e precisam ser aproveitados pelo setor de hortifrúti. O desafio agora é converter essa questão em produtos vendáveis no varejo.

Para os próximos anos, quais as principais tendências para o setor hortifrúti?

Alimentação saudável é uma grande tendência. É preciso trabalhar melhor as oportunidades de mercado e analisar quais produtos oferecer aos consumidores. Tanto nas culturas de maior giro no mercado como batata, tomate, cebola e folhosas, que exigem grande eficiência na produção e comercialização, quanto os pequenos volumes e alto valor agregado (como o mirtilo e a pitaya), que têm despontado como uma boa oportunidade, sendo puxados por consumos de nichos. Mas, no caso de pequenos mercados, o produtor precisa entender que irá trabalhar com volumes pequenos e uma geração de valor maior, tendo que estar conectado com a cadeia varejista, pois os centros de venda desses artigos são menores em comparação aos de hortifrútis tradicionais. Na área de hortaliças, o grande apelo hoje é o gastronômico, demonstrar as várias outras opções de receita disponíveis, e até sair do simples acompanhamento como tornar o prato a base de vegetais, seja a pessoa vegetariana/vegana ou não.

Primeiros passos para o varejo:

  • Gestão dos custos de produção
  • Atenção nas negociações comerciais
  • Planejamento de culturas alinhado com a demanda do mercado
  • Reserva financeira para emergências

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