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Indução de resistência em plantas contra fitopatógenos

Lavoura de soja

Foto: Alltech Crop Science

A habilidade da planta em evitar ou atrasar a entrada de fitopatógeno em seus tecidos é denominada de resistência natural, sendo o resultado de mecanismos que operam de maneira conjunta e coordenada. Didaticamente, os mecanismos de defesa da planta são divididos em dois: os pré-formados, que incluem os fatores que estão presentes na planta antes da chegada do patógeno; e os  pós formados, que incluem os fatores que estão ausentes antes da infecção, sendo produzidos na chegada do patógeno. As duas categorias são subdivididas em estruturais e os bioquímicas.

Os mecanismos estruturais formam uma barreira física que impede a entrada e possível colonização dos tecidos pelo patógeno. Como exemplo podemos citar a formação de halos (deposição de substâncias como lignina, lipídios cuticulares e sílica na parede superior da epiderme, e têm como função reduzir a perda de água no sítio onde ocorre a infecção),  papilas (deposição de caloses de β-1,3 glucanas, lignina, derivados fenólicos, silício e suberina entre a membrana plasmática e a parede celular no sítio de infecção) e a lignificação na parede celular, que  contribui para a resistência de plantas frente ao patógeno, que deixa a parede celular mais resistente à ação das enzimas do patógeno, impedindo que os nutrientes do hospedeiro se movam em direção ao patógeno e que suas toxinas cheguem até a planta. 

Os mecanismos bioquímicos ocorrem dentro da célula do hospedeiro e criam condições adversas ao desenvolvimento do patógeno. Entre os mais estudados estão as espécies reativas de oxigênio (ERO's), enzimas quitinases, glucanases e fitoalexinas. Estes mecanismos se encontram na categoria pós-formados, conforme explicação abaixo: 

  • A) Espécies reativas de oxigênio (ERO's): são formadas quando o oxigênio molecular é transformado em água.  As espécies reativas de oxigênio mais estudadas são o superóxido e o peróxido de hidrogênio. A concentração delas é mediada pelas enzimas superóxido desmutase, catalase e ascorbato peroxidase. Estas espécies podem atuar diretamente sobre o patógeno, reforçando a parede celular e inibindo o desenvolvimento nos tecidos do hospedeiro.
  • B) Enzimas quitinase e glucanases: produzidas pela planta hospedeira com a capacidade de realizar a quebra dos principais carboidratos na parede celular dos fungos.
  • C) A planta hospedeira também pode produzir compostos com ação antimicrobiana, as chamadas de fitoalexinas, que podem atuar diretamente sobre os patógenos ou causar a morte das células (morte programada) no sítio de infecção, impedindo o avanço do patógeno nas células do hospedeiro.

O uso da indução de resistência para o controle de doenças visa "preparar" as plantas para a possível chegada do patógeno. Assim, ao se aplicar substâncias ou moléculas com atividade indutora, os mecanismos de resistência serão ativados, de maneira ordenada, impedindo ou atrasando a penetração e colonização dos tecidos vegetais pelo patógeno.

Esta prática torna-se uma ferramenta interessante junto ao manejo integrado para controle de doenças e pode-se pensar no uso racional de defensivos agrícolas. Em culturas onde são realizadas cerca de 60 aplicações de defensivos agrícolas por ano, ao inserir um indutor de resistência, este número de aplicações pode cair pela metade. Isto tem atraído a atenção da sociedade, que tem exigido alimentos mais saudáveis, sem resíduos químicos e também se interessado pelo modo como são cultivados. Na Holanda, por exemplo, um dos maiores importadores de frutas do Brasil, proibiu o uso de químicos no controle de doenças, permitido somente controle biológico, físico, cultural e genético.


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