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Macaúba: a solução sustentável brasileira que promete revolucionar o mercado de óleos vegetais

Macaúba

Foto: Paulo Hilst

Tipicamente brasileira, a macaúba promete transformar o cenário da produção de óleos mundiais, se tornando uma opção sustentável em um mercado de 200 milhões de toneladas anuais. Ela pode ser utilizada como matéria-prima na produção de alimentos, biocombustíveis renováveis, cosméticos e químicos verdes.

Quem encarou esse desafio foi a Soleá, empresa focada no cultivo, processamento e desenvolvimento de produtos provenientes da macaúba. A grande oportunidade tem sido aproveitar a versatilidade do uso industrial da macaúba e a sua capacidade de recuperar áreas degradadas, entregando sustentabilidade ao negócio. Nas fazendas da empresa, o plantio das florestas de macaúba atraiu animais silvestres para a região, catalisou o processo natural de regeneração de reservas legais e áreas de preservação permanente, fazendo ressurgir nascentes em uma região de solo degradado pela atividade pastoril. “A macaúba proporciona a redução do escoamento superficial e uma melhor infiltração de água no solo, o que permite a recarga da bacia hidrográfica. Nascentes que nem sabíamos que existiam estão aflorando”, destaca Felipe Morbi, CEO da empresa.

Com passos cuidadosos para tornar o negócio rentável e sustentável a longo prazo, a Soleá está preparando a macaúba para ser protagonista do mercado de óleos vegetais no futuro. Confira abaixo um pouco mais sobre a história do projeto, que está entre os indicados para a premiação internacional da Alltech, Planet of Plenty.

Alltech: Por que vocês decidiram investir em macaúba?

Felipe: Tudo começou em 2009, quando falava-se muito do biodiesel. Quando estudamos melhor o assunto, descobrimos que a macaúba produzia além de óleo vegetal, outros produtos de interesse econômico, como biomassas, fontes de proteína, carboidratos, vitaminas e fibras alimentares. A elevada produtividade, adaptabilidade e principalmente sua versatilidade foram decisivas para que investíssemos na cultura.

Alltech: E como a Soleá transformou a macaúba em negócio?

Felipe: Depois de entendermos o potencial da espécie, esbarramos na falta de informação e dados confiáveis, com o desafio adicional de que ainda era explorada de forma extrativista. Iniciamos o estudo de toda a cadeia extrativista, mapeamos o que funcionava, os desafios e os gargalos. De um lado havia uma grande oportunidade e de outro grandes desafios: transformar uma espécie nativa em uma cultura agrícola e estruturar a cadeia produtiva. Assumimos a missão de domesticar a espécie e iniciamos o trabalho de desenvolvimento de materiais genéticos, passando por tecnologias de propagação vegetal via germinação de sementes e produção de mudas, técnicas de cultivo agrícola, processamento industrial, transformação e aplicação dos produtos, no conceito “Da semente ao ingrediente".

Alltech: Onde estão as oportunidades para a macaúba?

Felipe: A macaúba é muito versátil e seus frutos geram seis produtos: dois óleos (um oleico e outro láurico), três farinhas (polpa, amêndoa e casca) e o endocarpo, além da biomassa da planta (folhas e cachos vazios). Estamos desenvolvendo um trabalho de agregação de valor, transformando essas matérias-primas em produtos que atendam a demandas específicas de diferentes mercados: desde aplicações para combustíveis de segunda geração, a partir da biomassa, até ingredientes para a indústria de alimentos, nutrição animal e indústria de química verde. O mundo demanda urgentemente de alimentos e energias renováveis sustentáveis e a macaúba se coloca como parte dessa solução. São milhões de toneladas adicionais de óleos vegetais, proteínas e fibras que precisam ser produzidas, o que demandará um incremento de dezenas de milhões de hectares de oleaginosas nos próximos 20 anos. A macaúba tem a oportunidade de atender parte dessa demanda e se tornar uma cadeia relevante globalmente. 

Alltech: A palma de óleo (dendê) concorre diretamente com a macaúba e já é bem estabelecida no mercado. Como é a performance da macaúba em comparação a ela?

Felipe: A palma lidera o mercado de óleos vegetais, seguida pela soja, em função da elevada produtividade (4 ton/ha), qualidade e custo de produção. A macaúba possui uma produtividade superior à palma (9 ton/ha) e uma grande vantagem competitiva: uma demanda hídrica 50% menor, o que possibilita seu cultivo em uma ampla faixa de latitudes, em diferentes biomas e em condições de clima mais seco e adverso. Estamos transformando pastagens degradadas em florestas sustentáveis.

Alltech: Como tem sido a receptividade por parte das empresas?

Felipe: A sustentabilidade deixou de ser assunto de uma pequena parcela da população e poucas empresas, para pautar a estratégia de investimento de grandes empresas e fundos ao redor do mundo. As companhias que não entenderem a tempo essa nova realidade perderão competitividade em um curto período de tempo. A macaúba está alinhada a essa nova economia, a bioeconomia sustentável, e a Soleá trabalha para entregar valor a nossos clientes através de performance, sustentabilidade e previsibilidade de preços. Empresas de diferentes setores se mostram muito animadas com tudo o que a macaúba pode entregar.

Alltech: Diante de todo esse cenário, quais são os próximos passos da Soleá?

Felipe: Investimos mais de uma década em pesquisas para validar cada etapa da cadeia, os desafios foram muitos e agora estamos seguros e prontos para apresentar a macaúba ao mundo. Com a demanda crescente de um lado e a tecnologia agroindustrial dominada de outro, temos o grande desafio de acelerar o crescimento e consolidação da cadeia produtiva através do aumento da área plantada. Iniciamos a aproximação junto a potenciais parceiros para tornarmos a macaúba relevante.


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